Descubra Como Evitar Que Adolescentes Façam Uso de Drogas — Parte II (Crenças Familiares)

Por Glacy Calassa

Na postagem anterior falei sobre a importância dos vínculos familiares saudáveis, nesse vou discorrer sobre a influência das crenças familiares em relação ao uso de drogas.

O tema drogas vem preocupando as famílias e as escolas. As drogas, lícitas e ilícitas, são um problema real e ninguém quer que seu filho ou aluno inicie o uso. Como evitar? Essa é uma pergunta que ouço todos os dias! Para respondê-la estou fazendo uma série de posts que estão sendo publicados semanalmente sobre fatores de risco para o uso de drogas e formas de evitá-los. Na postagem anterior falei sobre a importância dos vínculos familiares saudáveis, nesse vou discorrer sobre a influência das crenças familiares em relação ao uso de drogas.

Quem aqui conhece alguma família que faz uso de bebidas alcoólicas no final de semana? Tabaco? Remédios tarja preta sem receita médica? Penso que quase todo mundo conhece famílias com essas características!

Em um mundo no qual o uso de drogas é naturalizado, no qual muitas famílias fazem uso de bebidas alcoólicas para relaxar ou se divertir (sim, álcool também é droga) existe uma aceitação social em relação ao uso e isso reforça a iniciação dos jovens. Desde muito cedo a criança convive em um meio no qual a droga é tolerada, em maior ou menor grau. É aquela história: “Se todo mundo usa, deve ser bom”. Existem algumas crenças distorcidas a respeito das drogas lícitas e ilícitas, que são muito comuns nos ambientes familiares, como, por exemplo: a diversão é melhor quando utilizamos alguma substância, consigo me soltar mais, consigo ter maior intimidade com meu parceiro (a), festa sem álcool ou drogas não é festa. Percebam que, o que mais importa não é simplesmente o álcool ou as drogas, mas a relação que o indivíduo estabelece com ela, as crenças e valores. A atitude permissiva dos pais vai apontando caminho, mesmo que indiretamente.

Essas crenças vão sendo aprendidas desde muito cedo e, maioria das vezes, elas não são ditas claramente, são comportamentos, atitudes, que vão deixando claro o que pode e o que não pode naquela família. Alguns devem estar pensando: “conheço famílias religiosas, que nunca usaram nenhuma substância psicoativa e os filhos são dependentes de drogas. O que dizer nesse caso?” Para responder essa pergunta quero reforçar que o uso de drogas tem causas multifatoriais. O fator que estou descrevendo é apenas um deles, mas outros podem agir em famílias que não apresentam essas crenças. Sim pessoal, é complexo mesmo! Contudo, reafirmo que as crenças da família sobre o uso de drogas influenciam futuras gerações.

Sabendo desse importante fator, profissionais de saúde que atuam nessa área devem orientar as famílias, tentando, através de um trabalho colaborativo, desconstruir crenças errôneas. As famílias no que lhes concernem, devem buscar ajuda especializada, quando perceberem que não conseguem modificar padrões de pensamentos e comportamentos que são prejudiciais.

Mahatma Gandhi já percebia a importância das crenças e chegou a afirmar: 

“Nossas crenças se transformam em pensamentos, os pensamentos em palavras, as palavras se tornam ações e estas ações repetidas se tornam hábitos. E estes hábitos formam nossos valores e nossos valores determinam nosso destino”.

Agora imaginem isso ao nível familiar e trans geracional! Geram um grande impacto em toda uma geração de crianças. Por esse motivo as crenças familiares devem ser alvo de intervenção.

O profissional deve aplicar técnicas específicas para desconstruir essas crenças e substituí-las por outras mais funcionais e que gerem menores prejuízos ao sistema familiar.

Glacy Calassa
CRP 01/16290

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