Por Glacy Calassa
O monitoramento, se feito dentro de uma proposta mais ampla, pode ajudar o paciente a resistir ao uso de drogas.
Olá pessoal, estamos falando dos 13 princípios do tratamento eficaz que foram desenvolvidos pelo NIDA – National Institute on Drug Abuse, a partir de evidências científicas. Hoje vamos falar do décimo segundo princípio, se você não viu os anteriores clique aqui.
O décimo segundo princípio fala sobre monitoramento de recaídas e lapsos de recaídas.
Antes de continuar nesse tema acho importante explicar esses dois conceitos. Recaída é quando o indivíduo volta ao uso de álcool ou outras drogas no mesmo padrão ou pior do que antes de iniciar o tratamento. Já o lapso de recaída é um uso esporádico, a pessoa faz o uso da droga que está tentando abandonar, mas rapidamente retoma o plano de abstinência.
Para lidar com esse fenômeno o NIDA afirma que é interessante fazer o monitoramento, pois ele pode motivar o tratamento.
O que percebo nesse item é que no Brasil não se utiliza em larga escala o monitoramento, primeiro por causa do custo. Não é barato fazer isso, principalmente no serviço público onde a demanda é muito alta. Outro ponto é que o monitoramento serve para programas voltados para a abstinência total, e muitos programas no Brasil trabalham também com redução de danos. Nesse caso o monitoramento já não cabe.
Vou explicar então como faço. Utilizo em alguns casos, não em todos. Geralmente quando faço é dentro de um programa maior, muitas vezes com técnicas de manejo de contingência (técnica baseada na teoria comportamental que pressupõe reforçar comportamentos desejados), sempre atrelado ao plano terapêutico e com anuência do paciente e da família. Não é o monitoramento pelo monitoramento. É uma intervenção pensada, planejada e com um propósito. Precisa fazer sentido para os envolvidos.
Esse monitoramento pode ser feito por meio de exames de urina ou outros exames, e dentro de uma proposta mais ampla pode ajudar o paciente a resistir ao uso de drogas. Tal monitoramento atua também no retorno da confiança por parte da família. Essa é uma estratégia que pode ser utilizada, mas precisa ser muito bem planejada, com propósito e coerência. A decisão de usar ou não passará pelo entendimento da equipe sobre a proposta de tratamento.