Por Glacy Calassa
Relações familiares afetuosas e saudáveis desde o nascimento da criança servem como fator de proteção para toda a vida e, na adolescência, isso terá um peso ainda maior.
O tema drogas vem preocupando as famílias e as escolas. As drogas, lícitas e ilícitas são um problema real e ninguém quer que seu filho ou aluno inicie o uso. Como evitar? Essa é uma pergunta que ouço todos os dias! Para respondê-la irei fazer uma série de postagens que serão publicadas semanalmente.
Para falar desse tema de grande importância irei discorrer sobre fatores de risco para o uso de drogas e formas de evitá-los.
Fatores de risco são condições ou variáveis que precedem e aumentam a probabilidade do uso de drogas. Esses fatores podem ser familiares, individuais, relacionais ou sociais.
Vou iniciar falando sobre a família, pois, para mim, ela tem um papel importante na vida do sujeito. Família é tudo e a fase de ouro é a infância! É a fase na qual a semente é plantada. Alguns devem estar se perguntando: quem não plantou essa semente na infância, tem como reverter? Tem, claro! Para isso serve a psicoterapia, a orientação de pais e diversas técnicas utilizadas na psicologia. Hoje vamos iniciar falando de prevenção na infância.
Inúmeros profissionais da saúde e educação pensam em iniciar programas de prevenção na adolescência, contudo, diversas pesquisas apontam que a melhor fase é a infância. Isso não significa que a adolescência deve ser negligenciada, ela também é uma fase importante, mas se pudermos escolher, o quanto precocemente iniciarmos, melhor.
Alguns devem estar se perguntando: mas falar de drogas na infância não seria introduzir um tema muito pesado? Calma pessoal, a prevenção na infância não fala de drogas, nem cita esse assunto! Ela foca nos vínculos familiares, na prevenção de negligência e violência, assim como prevenção de transtornos psicológicos.
Vamos iniciar então falando sobre a família. Ela é a primeira referência do indivíduo, podendo ser positiva ou negativa, promotora de saúde ou de doença. Em ambas as formas, influenciará fortemente o desenvolvimento do ser humano. Isso mesmo, família nem sempre é bom, às vezes é promotora de adoecimentos significativos. Carregamos para a vida o que acontece conosco quando ainda nem entendíamos o que é o mundo, e pouco poderíamos fazer para modificar a situação. Precisávamos do outro para nos dizer como o mundo funciona e como deveríamos reagir a ele. Infelizmente, em muitos casos, o outro que deveria cuidar e proteger, causa violências, negligências e humilhações. Então, os problemas se iniciam…
A influência da família é tão grande que a forma como o adolescente reage às drogas, passa pelas regras, crenças e valores internalizados muito precocemente, bem antes dos pais se preocuparem com as substâncias psicoativas.
Relações familiares afetuosas e saudáveis desde o nascimento da criança (ou desde a gestação) servem como fator de proteção para toda a vida e, na adolescência, isso terá um peso ainda maior.
Se pudesse dar um conselho para as famílias com filhos pequenos, para que não se envolvessem com drogas no futuro, diria: invistam na infância, no afeto, no vínculo, na educação coerente, na disciplina clara e democrática, no monitoramento parental… ufa, muita coisa! É isso mesmo, quem pensou que era uma receitinha simples, se enganou. Fazer prevenção de drogas envolve questões amplas e complexas que passam pelo indivíduo, sua família e a sociedade em que está inserido.
Sobre o que NÃO FAZER, digo: não deixe que a relação entre pais e filhos seja fria e ausente de vínculos, é necessário estar presente, cuidar, demonstrar afeto. Cuidado com práticas disciplinares autoritárias, inconsistentes, ao mesmo tempo, tenha atenção com permissividade e/ou superproteção. Criança e adolescente não podem fazer tudo que querem, mas esses limites precisam ser colocados de forma amorosa e dialogada. Eles precisam ter espaço e autonomia adequadamente monitorada. Os pais devem conhecer os amigos de seus filhos e a família deles. É importante que busquem novas práticas de resolução de conflitos e negociação para utilizar entre si, já que são modelos de comportamento. Devem buscar resolver conflitos por meio do diálogo e da interação harmoniosa.
Calma gente, é muita coisa, mas atualmente existem livros, treinamentos de pais, psicoterapia, enfim, uma infinidade de recursos à nossa disposição. Resumiria tudo que falei da seguinte forma: temos que buscar sermos pessoas melhores para criar filhos melhores.
Na próxima postagem falarei sobre outro fator de risco: a atitude da família em relação ao uso de drogas. Não percam e nos acompanhem por aqui.