Transtorno Borderline da Personalidade — Parte III

Por Glacy Calassa

Isso pode ser um desafio também para o terapeuta, pois, a construção do vínculo é uma via de mão dupla, não depende somente do profissional de saúde. 

Olá pessoal,

Eu, Glacy Calassa, e o Dr. Aníbal Okamoto iniciamos uma série de artigos sobre o transtorno de personalidade borderline, que está sendo publicado semanalmente. Esse é o terceiro post. No post da semana passada falamos sobre algumas características do transtorno, se você não viu clique aqui.

Ficamos de aprofundar sobre a relação terapêutica e resolvemos deixar um post para abordar somente esse assunto, tamanha sua importância. Estamos falando de um indivíduo com sérios problemas nas relações interpessoais, que acredita que será prejudicado ou abandonado a qualquer momento, que tem reações intensas e desproporcionais em diversas situações e que se boicota em vários momentos. Dessa forma, o psicólogo e psiquiatra precisam tentar estabelecer um vínculo seguro, estável e de confiança.

Isso pode ser um desafio também para o terapeuta, pois, a construção do vínculo é uma via de mão dupla, não depende somente do profissional de saúde. Sabendo-se das dificuldades que serão encontradas nessa relação, deve-se utilizar técnicas para facilitar o processo. Pacientes borderline tendem a reproduzir na terapia, padrões de comportamento e interação disfuncionais que têm na vida pessoal. Sendo assim, podem acreditar que o terapeuta o prejudicará abandonando-o ou rejeitando-o e tendo fortes reações emocionais a isso. O profissional gastará mais tempo na construção desse vínculo demonstrando empatia e acolhimento.

Exemplificando, pode acontecer do paciente agir de forma agressiva com o terapeuta ocorrendo qualquer sinal que interprete como abandono, como, quando o profissional desmarcar uma consulta, não atender a ligação no momento exato que o indivíduo ligar. Pode acontecer ainda do paciente tentar seduzir o terapeuta, invadir sua privacidade. Em todos esses casos o profissional precisa lembrar que, o que está ocorrendo não é exatamente porque o paciente resolveu prejudicá-lo, mas sim porque está repetindo o padrão de interação. É importante conversar com o paciente de forma empática e ir estabelecendo limites na relação. O terapeuta deve ter sensibilidade e compreender porque esses comportamentos estão ocorrendo. É necessário ajudar o paciente a modelar seu comportamento, afinal, fazendo isso na terapia, já é um grande passo para que a pessoa consiga reproduzir isso em sua vida pessoal.

O vínculo também é fortalecido quando o terapeuta ajuda o indivíduo a desenvolver habilidades de resolução de problemas, compreender melhor sua história, seu padrão de pensamentos e crenças, enfim, quando o paciente percebe que o terapeuta está ali para ajudá-lo e que ele pode ser beneficiado com essa relação. Algumas técnicas como: reforço positivo, horizontalidade na relação, expressão de empatia e atenção, ajudam a atingir esse objetivo. Uma vez estabelecido o vínculo, o processo de terapia se torna bem mais fácil e possível.

Antes de encerrar enfatizamos que, tudo que descrevemos aqui tem apenas o intuito de informar. Se você acredita que tem algum dos traços apresentados, é importante procurar um profissional habilitado e capacitado para essa finalidade. Se você é um terapeuta iniciante, que está tendo dificuldades para conduzir um processo terapêutico com pacientes que tenham esse perfil psicológico, é importante buscar capacitação e supervisão clínica.

Até o próximo post pessoal, se vocês gostaram curtam e compartilhem.

Glacy Calassa
Psicóloga — CRP 01/16290

Aníbal Okamoto
Médico — CRM-DF 17813

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